Thamara Laila
o vento da curva levou a clareza com ele

estava na curva
e na curva eu via parte do caminho
e a parte que eu via era clara para mim.
finalmente, pensei, um momento de clareza.
quis ficar um pouco ali, desfrutando dessa sensação
olhei para o céu, estava tão limpo que me incomodou os olhos
senti um arrepio estranho ao descer o olhar para os meus pés,
meu estômago reclamou e senti que precisava seguir
andei, fiz a curva e não tinha mais caminho
ou melhor, tem pois sinto meus pés firmes em algo, mas não há nenhuma clareza
as nuvens densas, que não deram nenhum sinal que estariam ali,
dançam como brumas e vão tomando todo o espaço
uma luz, um pouco fraca, parte do meu coração e sei que está ali para me guiar
mas tudo está tão turvo, não consigo ver e confesso que está difícil aceitar
um vento ao leste sussurra que nada é por acaso
enquanto ao oeste escuto que tudo coopera para o meu bem
respiro, com o peito angustiado, e sei que mesmo sem compreender
a vida me pede para continuar
e dou mais um passo em meio as brumas